A falência da operadora Oi, gigante da telefonia que atua no Brasil desde 2002, tem provocado desdobramentos em empresas subsidiárias. Uma delas é a Serede (Serviços de Rede), cujos funcionários interromperam as atividades na última segunda-feira (10), sob alegação de atraso no pagamento dos salários.
Em Santa Catarina, cerca de 800 trabalhadores distribuídos pelo estado estão com as atividades suspensas até que a empresa regularize os vencimentos. A lista de reivindicações inclui também a falta de repasse referente à locação dos veículos utilizados pelos empregados e o fornecimento de combustível.
Fábio de Souza Justino, diretor do Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações em Santa Catarina) e funcionário da Serede, diz que os trabalhadores estão com dificuldades de obter respostas junto à subsidiária.
“As duas empresas estão com interventor. Estamos vivendo o caos. Os trabalhadores não querem nem mais trabalhar, querem ser desligados. A Serede está na maioria dos estados brasileiros, com cerca de 6 a 7 mil trabalhadores. A locação dos veículos era pra ser paga no dia 10 e não foi pago, estamos preocupados com o 13° que vem aí, de gente que pegou férias e não recebeu”, afirma.
Em Santa Catarina, a Serede atua na remoção de cabos e na limpeza de fios de rede. A paralisação, segundo o sindicato, não afeta diretamente os serviços de conexão. O diretor sindical cobra um posicionamento da empresa e aumenta o tom ao pedir uma solução urgente.
“No mês passado, a Oi nos pagou diretamente via Pix, mas neste mês o interventor não autorizou o pagamento. Os trabalhadores não acreditam mais na empresa e pedimos aos interventores e juízes que deem uma olhadinha para nós. Estamos indignados com o que está acontecendo”, afirma.
Sobre a falência da Oi
A 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) decretou a falência da Oi na segunda-feira (10), em decisão que também inclui a PTIF (Portugal Telecom International Finance) e a Oi Brasil Holdings Coöperatief U.A.
A companhia enfrentava, pela segunda vez, um processo de recuperação judicial, reconhecido pela Justiça como uma situação de insolvência técnica e patrimonial do grupo de telecomunicações. A empresa havia ingressado com o primeiro pedido em 2016, após acumular cerca de R$ 65 bilhões em dívidas.
O processo foi concluído no fim de 2022, mas a gigante da telefonia ainda mantinha uma dívida de R$ 44,3 bilhões, o que a levou a solicitar novamente proteção judicial no início de 2023. O novo plano de recuperação judicial, aprovado em abril do ano passado, previa um programa de reestruturação financeira.A Oi se manifestou por meio de duas notas. A primeira traz informações sobre a sentença judicial, enquanto o segunda aborda, entre outros tópicos, fundos de investimento.
