Decisões vindas do Vaticano sempre repercutem em todo o mundo católico, especialmente quando envolvem temas de doutrina e devoção. Nesta semana, o Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão responsável por zelar pela coerência teológica da Igreja, publicou um novo decreto aprovado pelo papa Leão XIV.
O documento traz uma importante orientação aos fiéis: Maria não deve ser chamada de “corredentora”. O texto, divulgado nesta terça-feira (4), afirma que o termo “não é apropriado” e pode gerar confusão entre os católicos sobre o papel da mãe de Jesus na salvação da humanidade.
Segundo o decreto, somente Cristo é o redentor, por ter morrido na cruz e ressuscitado, e qualquer interpretação que coloque Maria como participante direta dessa missão seria incompatível com os fundamentos da fé cristã.
O documento explica que Maria teve um papel essencial ao aceitar a vontade divina e gerar o Salvador, mas não compartilhou da missão redentora. “Ela abriu o caminho da redenção ao dizer sim ao plano de Deus, mas não salvou o mundo com seu sacrifício”, destaca o texto.
A decisão encerra um debate teológico de séculos, que dividiu até mesmo papas recentes. Em 2019, o papa Francisco já havia chamado a ideia de Maria como corredentora de “tolice”, afirmando que a mãe de Jesus “nunca quis tirar nada do filho”. Bento XVI também se mostrou contrário à expressão, enquanto João Paulo II chegou a utilizá-la no passado, mas desistiu após manifestações do próprio órgão doutrinário.
Apesar da restrição, o Vaticano reforçou que Maria continua sendo reconhecida como intercessora e mediadora espiritual, símbolo de fé, humildade e obediência. Sua resposta ao anjo Gabriel — “Que assim seja” — permanece, segundo o documento, como a expressão máxima de confiança em Deus e disposição em cumprir Sua vontade.
A nova diretriz representa um marco na teologia mariana e busca preservar a centralidade de Cristo na doutrina católica, mantendo, ao mesmo tempo, a devoção àquela que, com sua fé, tornou possível a vinda do Salvador.
The Folha
