Por décadas, a medicina sempre repetiu a informação de que a cartilagem não se regenera. A ideia sustentou protocolos e tratamentos paliativos que buscavam apenas aliviar sintomas, como infiltrações recorrentes. Agora, segundo Bernardo Paiva, cirurgião e especialista em medicina regenerativa, uma nova tecnologia chega para desafiar o CaReS-1S, implante biológico em hidrogel 3D capaz de estimular a regeneração da cartilagem hialina — o tipo mais nobre e funcional do corpo, encontrado em articulações como joelho e tornozelo.
Desenvolvido na Áustria e já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto promete restaurar de forma estrutural e duradoura áreas lesionadas. Estudos internacionais apontam que os resultados se mantêm por mais de quatro anos, com formação de colágeno tipo II e ausência de cicatrizes.
O procedimento, minimamente invasivo, é realizado em aplicação única, sem necessidade de culturas celulares ou múltiplas intervenções. A recuperação é rápida: em quatro a seis semanas, pacientes já podem retomar carga total. As indicações abrangem lesões de até 8 cm², sobretudo em estágios iniciais da degeneração.
Apesar do potencial, conforme informações da Veja.com, a tecnologia ainda não está disponível para a maioria dos pacientes brasileiros. O motivo está no modelo de incorporação de novas terapias no país, considerado lento e reativo. Mesmo com análises econômicas que demonstram o custo-benefício do implante, evitando infiltrações frequentes, cirurgias repetidas e até próteses, planos de saúde e sistemas públicos ainda resistem a adotar a novidade.
Especialistas apontam que protocolos desatualizados e a priorização de soluções de menor custo imediato impedem avanços que poderiam representar impacto clínico significativo. Para os pacientes, isso significa continuar presos a terapias temporárias enquanto uma alternativa definitiva já está disponível.
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