Apresentar novos alimentos para os bebês é sempre uma alegria, mas alguns devem esperar um pouco para entrar na dieta dos pequenos. É o caso do mel que, apesar de delicioso e nutritivo, não deve ser dado a bebês com menos de 2 anos. Entenda o motivo da recomendação e tire suas principais dúvidas sobre o assunto:
Por que o mel não é recomendado para bebês com menos de 2 anos?
De acordo com o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, do Ministério da Saúde, o mel não deve ser oferecido aos menores de 2 anos por dois motivos. O primeiro é que, apesar de ele ter mais nutrientes do que o açúcar refinado, sua composição tem índices altos de frutose e glicose, que, se consumidas em grandes quantidades nos primeiros anos de vida, aumentam o risco de obesidade na infância e vida adulta.
O segundo e principal motivo é que o mel tem o risco de estar contaminado pela bactéria Clostridium botulinum. Esse microrganismo produz uma toxina que pode provocar o botulismo, doença a que os bebês são particularmente vulneráveis por ainda estarem com o sistema imunológico imaturo.
A partir dos 2 anos, além das defesas do organismo das crianças se fortalecerem, o sistema digestivo também se desenvolve e é capaz de expelir os esporos da bactéria do organismo antes que eles causem algum dano, tornando seguro o consumo do mel. Antes disso, porém, ele não deve ser utilizado nem para adoçar refeições do bebê nem na chupeta. Até pequenas quantidades, se estiverem contaminadas, podem ser prejudiciais à saúde do bebê.
O mel com limão para bebês com menos de 2 anos também está proibido?
O mel com limão é conhecido como uma opção natural para ajudar no combate de tosses e dores de garganta leves, mas, antes dos 2 anos, ele também deve ser evitado. O botulismo é uma doença que pode ter complicações graves para os bebês, incluindo o óbito, então, não se deve arriscar.
Quais são os sintomas, diagnóstico e tratamento do botulismo infantil?
A bactéria causadora do botulismo produz uma toxina que, mesmo se ingerida em pouquíssima quantidade, pode causar envenenamento grave em questão de horas. O botulismo infantil é mais comum em crianças com idade entre 3 e 26 semanas e causado principalmente pelo consumo de mel contaminado.
Os primeiros sinais da doença em bebês costumam ser gastrointestinais, como constipação. A partir daí, se não tratado, o botulismo pode atingir o sistema neurológico, com sintomas que podem incluir:
- Fraqueza muscular, o bebê fica “molinho”
- Dificuldade para mamar
- Letargia ou irritação excessiva
- Conforme a enfermidade evolui, ela pode provocar a paralisia de vários músculos, culminando com a paralisia da musculatura respiratória — o que pode levar à morte. Se o bebê apresentar sintomas de botulismo e tiver consumido mel recentemente, mesmo que em quantidades mínimas, é importante levá-lo para emergência o mais rápido possível.
O tratamento da doença é realizado com uma antitoxina chamada imunoglobulina humana para botulismo, que deve ser administrada na veia se houver suspeita de botulismo. Quanto antes o tratamento for realizado, melhor a chance de recuperação.
Se o botulismo afetar os músculos respiratórios do bebê, o pequeno também pode precisar de ventilação mecânica por algumas semanas. Já se os músculos de deglutição forem atingidos, pode ser necessário que a alimentação seja feita por sonda por um tempo.
O botulismo infantil é grave?
Sim. As complicações causadas pela doença podem incluir:
- Insuficiência respiratória, levando ao óbito
- Dificuldade de deglutição
- Problemas no sistema nervoso
- Que alimentos podem substituir o mel na alimentação de crianças com menos de 2 anos?
- Nessa faixa etária, o ideal é evitar alimentos açucarados para não deixar o paladar da criança viciado no doce. Porém, em pequenas quantidades, algumas receitas como bolos e crepes podem fazer parte de uma dieta saudável para os pequenos. Na hora de adoçá-las, o mel pode ser substituído por frutas secas como ameixas, tâmaras, uvas passas e damascos.
Porém, lembre-se: a melhor opção para introduzir o gosto adocicado aos bebês são as frutas in natura, que, além de saborosas, têm muitas vitaminas, minerais e fibras que auxiliam no funcionamento do trato intestinal.
Fontes: Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista, membro da Academia Americana de Pediatria (AAP); e Caroline dos Santos, nutricionista clínica e materno-infantil