O Bradesco vai encerrar a emissão de cheques para pessoas físicas e MEIs (Microempreendedores Individuais) a partir de dezembro. A decisão, comunicada aos clientes por meio de notificação, marca o início do fim de um dos meios de pagamento mais tradicionais do país. O serviço seguirá disponível apenas para contas corporativas.
Pix e pagamentos digitais dominam o cenário
Na mensagem enviada, o banco recomenda que os clientes passem a utilizar outros meios, como o Pix, transferências eletrônicas e cartões. O segundo maior banco privado do Brasil justificou a decisão como parte de uma “adaptação ao novo comportamento dos consumidores”, que têm preferido soluções digitais pela praticidade e rapidez.
Criado em 2020, o Pix revolucionou o sistema de pagamentos ao permitir transferências instantâneas, sem restrição de horário ou dia da semana — um contraste marcante com o cheque, que dependia de compensação bancária e prazos longos.
Um meio de pagamento em extinção
O movimento do Bradesco reflete uma tendência que já vinha se consolidando há décadas. Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostram que o uso de cheques no Brasil despencou 96% desde 1995. Naquele ano, eram 3,3 bilhões de cheques compensados anualmente. Em 2024, esse número caiu para 137 milhões.
A participação dos cheques no total de transações financeiras já é inferior a 1%. Segundo o Banco Central, apenas no segundo trimestre de 2025 foram 35,8 milhões de compensações de cheques, contra 19,4 bilhões de transações via Pix e 12,7 bilhões somadas entre cartões de crédito, débito e pré-pagos.
Em valores movimentados, o cheque representou apenas R$ 173,3 milhões no mesmo período — uma fração mínima diante dos R$ 84 bilhões transacionados pelo Pix.
A última vez que o cheque venceu o Pix
O domínio dos pagamentos instantâneos é tão expressivo que a última vez em que os cheques movimentaram mais dinheiro do que o Pix foi em 2020, no trimestre em que o novo sistema foi lançado. Naquele momento, os cheques ainda somavam R$ 278,3 milhões, enquanto o Pix registrava R$ 149,9 milhões. Desde então, a balança nunca mais se inverteu.
