O ginásio de esportes de Bernardo de Irigoyen foi palco de um encontro histórico que atravessou fronteiras. O II Seminário Binacional de Educação reuniu mais de 800 professores do Brasil e da Argentina em torno de um tema que vai além da sala de aula: a inteligência emocional no cuidado e proteção da infância.
Na visão da psicóloga da Secretaria de Educação do Paraná, Aline Paula, a troca vai além da teoria e se conecta à realidade da fronteira. “Para mim foi muito gratificante estar aqui aprendendo sobre a educação da Argentina. É um conhecimento que agrega muito para nós, todo o conhecimento é bem-vindo. A gente precisa desse alinhamento, principalmente quando falamos de rede de proteção. São relatos que chegam de alunos de ambos os lados e que exigem acompanhamento conjunto. Por isso, a integração entre Brasil e Argentina é tão necessária, porque só temos a ganhar quando crescemos juntos”.
A diretora do Conselho Geral de Educação da Província de Misiones, Daniela López, ressaltou que a província é pioneira nesse campo, ao incluir por lei a educação emocional em 2018. “Nós entendemos a educação emocional como uma ferramenta que fortalece o trabalho dentro das instituições educativas, tanto com alunos, quanto com professores e famílias. Este seminário é um tema comum, global, que favorece o desenvolvimento integral através das experiências, da recuperação dos conceitos e, sobretudo, da prática. Porque a educação emocional se aprende e se pratica. Só assim conseguimos os resultados que necessitamos em todos os espaços educativos”.
A psicopedagoga e presidente da Fundação Emocionar, María Inés Rebollo, reforçou que o encontro é um reflexo de proximidade cultural e pedagógica. “Eu celebro essa integração tão próxima, porque compartilhamos muitas coisas com o Brasil, e a educação é uma delas. Hoje fomos convocados para trabalhar a inteligência emocional, incorporando competências como autoestima, empatia, autoconhecimento e autoconfiança. Muitas vezes não nos comunicamos bem, não nos relacionamos bem, e por isso é tão importante esse intercâmbio. Para mim foi uma grande satisfação poder compartilhar que a província de Misiones já tem uma lei que garante a educação emocional em todos os níveis e ciclos escolares”.
O professor e psicanalista Paulo Henrique destacou que a inteligência emocional deve caminhar junto com os novos desafios da tecnologia. “A importância de trabalhar a inteligência emocional vem junto com a necessidade de lidar com a inteligência natural e de nos prepararmos para a inteligência artificial que está chegando. Quando estivermos equilibrados emocional e mentalmente, vamos conseguir desenvolver melhor a aprendizagem, a criatividade e a consciência crítica. Isso melhora o indivíduo, melhora o coletivo e fortalece toda a sociedade. As emoções são universais, não importa a cultura ou o país. Os desafios são os mesmos, e por isso eventos como este são fundamentais”.
Para os organizadores, o seminário deixou uma marca de emoção e cooperação. A pedagoga Elizandra resumiu o sentimento coletivo: “Encerramos este segundo seminário com o coração em festa, porque é emocionante ver essa integração em duas línguas, ouvir agradecimentos e perceber que é possível pensar em educação como algo que acolhe e une dois países. Foi um momento histórico, que deixa registro e encaminhamentos concretos para ações futuras tanto na Argentina quanto no Brasil. Tudo que é bom passa pela educação, e a educação é o que nos permite sonhar juntos”.
Entre palestras, debates e partilhas, ficou claro que a inteligência emocional é um caminho essencial para construir uma sociedade mais equilibrada. Um seminário que não apenas formou professores, mas fortaleceu laços de irmandade, provando que a educação, quando é feita com emoção, atravessa fronteiras.
Plácido Valiati / Portal Tri