O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira, dia 23, uma nota reafirmando que não existe qualquer relação entre o uso de paracetamol e o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A manifestação ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter afirmado publicamente a existência dessa correlação, sem apresentar provas.
A informação também foi desmentida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas agências de saúde da União Europeia e do Reino Unido.
“São infundadas informações que relacionam autismo ao uso de medicamentos amplamente estudados, com evidências robustas de sua segurança e eficácia, como é o paracetamol”, disse o Ministério da Saúde.
A pasta ressaltou ainda que declarações sem embasamento científico, feitas por lideranças políticas, podem trazer consequências graves à saúde pública. “O anúncio de que autismo é causado pelo uso de paracetamol na gestação pode causar pânico e prejuízo para a saúde de mães e filhos, inclusive com a recusa de tratamento em casos de febre e dor, além do desrespeito às pessoas que vivem com Transtorno do Espectro Autista e suas famílias”.
A nota também lembra que o Brasil já enfrentou situações semelhantes durante a pandemia de Covid-19, quando informações falsas circularam em grande escala, contribuindo para a perda de mais de 700 mil vidas no país.
Triagem para autismo no SUS
Além de desmentir a informação, o Ministério da Saúde reforçou medidas voltadas ao cuidado das pessoas com TEA. Neste mês, a pasta anunciou novas diretrizes para diagnóstico precoce e acolhimento das famílias.
Todas as crianças entre 16 e 30 meses deverão ser avaliadas em consultas de rotina da atenção primária. O procedimento será feito com o teste M-Chat, já disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico E-SUS. Caso sejam identificados sinais de autismo, os profissionais de saúde poderão orientar os familiares e iniciar estímulos adequados antes mesmo do diagnóstico fechado.
Outra iniciativa é a implementação do Programa de Treinamento de Habilidades para Cuidadores, desenvolvido pela OMS, que pretende oferecer ferramentas para pais e responsáveis estimularem o desenvolvimento das crianças, fortalecerem a interação familiar e reduzirem o estigma em torno do autismo.
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