Os dados da Secretaria de Estado da Saúde revelam que o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave provocados pelo Vírus Sincicial Respiratório em crianças passou de 2.108 entre janeiro e setembro de 2024 para 2.644 no mesmo período de 2025 em Santa Catarina. Além disso, enquanto no ano passado foram 17 mortes neste intervalo, agora são 18 óbitos ligados ao VSR.
“Espero que outras mães possam proteger os bebês”
Atualmente, a vacina está disponível apenas na rede privada. A medicação custa cerca de R$ 1 mil e a Organização Mundial da Saúde recomenda uma dose a partir da 28ª semana de gestação, para proteger o bebê. Naieli dos Santos, mãe do pequeno Ryan, não teve acesso ao imunizante. Aos oito meses, o menino trava uma batalha pela vida em um leito de UTI em Blumenau.
Ele enfrenta complicações devido à bronquiolite e à pneumonia.
— Talvez se tivesse a vacina na rede pública quando ele nasceu, o caso do meu filho não teria se agravado. Agora que vai estar disponível no SUS, espero que outras mães possam proteger os bebês. É muito importante, porque a bronquiolite não é só uma gripe. Ela pode ser grave e mudar a vida das famílias — comenta Naieli.
A distribuição da vacina nos postos de saúde para proteção de gestante e bebês deve começar na segunda quinzena de novembro, segundo promessa do Ministério da Saúde.
— A vacina deve ser aplicada no terceiro trimestre da gestação, permitindo que os anticorpos maternos atravessem a placenta e protejam o bebê nos seis primeiros meses. Estudos comprovam sua eficácia e segurança. Além da imunização, é fundamental manter higiene adequada, evitar contato de bebês com pessoas doentes e observar sintomas precoces — explica a pediatra Carolina Dociatti.
E outros cuidados simples também são importantes.
— Se tiver com um bebezinho em casa, não receber visitas de pessoa que está doente, não ir visitar uma criança pequena, não beijar no rosto, não beijar na testa, não pegar na mãozinha… Eu sei que é difícil, mas é pelo bem da criança — orienta a médica.
Prevenção de internações
A vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano, oferece proteção imediata aos recém-nascidos e beneficiará aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos. A cada cinco crianças infectadas pelo VSR, uma necessita de atendimento ambulatorial e, em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de vida.
O risco é ainda mais elevado entre os prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete vezes maior do que a de crianças nascidas a termo — grupo que representa 12% dos nascimentos no país. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83 mil internações de bebês prematuros por complicações associadas ao vírus, como bronquite, bronquiolite e pneumonia.
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