A inadimplência no Brasil subiu em julho para o nível mais alto em quase oito anos, informou o Banco Central nesta quarta-feira (27), enquanto o crescimento do crédito continuou a perder força em meio aos custos elevados dos empréstimos.
A inadimplência no segmento de recursos livres, em que as condições dos empréstimos são pactuadas sem a interferência do governo, ficou em 5,2% em julho, contra 5,0% no mês anterior, chegando ao patamar mais elevado desde novembro de 2017. No ano, o indicador acumula um salto de 1,1 ponto percentual.
Os dados foram divulgados após recente mudança regulatória que resultou em uma mensuração de valores mais altos de inadimplência do que os anteriormente calculados pelos bancos.
Mas "mesmo desconsiderando os efeitos da mudança na dinâmica das baixas para prejuízo, nota-se um aumento dos ativos problemáticos no período mais recente", disse o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do BC em ata de sua última reunião divulgada nesta quarta-feira.
As concessões de empréstimos no Brasil avançaram 1,2% em julho na comparação com o mês anterior, mostraram os dados, com o estoque total de crédito em alta de 0,4% no período, a R$6,716 trilhões.
O aumento em 12 meses do estoque de crédito caiu a 10,7% em julho, de 10,8% em junho. O BC disse que sinais de desaceleração do crédito se tornaram mais evidentes, embora o crescimento siga em ritmo historicamente elevado.
"Essa desaceleração era esperada e está alinhada às condições financeiras mais restritivas e à moderação do crescimento da atividade econômica", apontou a ata do Comef.
O Banco Central tem mantido a taxa básica de juros Selic em nível restritivo, de 15% ao ano, com o objetivo de desacelerar a atividade econômica e levar a inflação à meta de 3%.
No mês, as concessões de financiamentos com recursos livres, nos quais as condições dos empréstimos são livremente negociadas entre bancos e tomadores, aumentaram 0,5% em relação ao mês anterior. Para as operações com recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, houve alta de 7,4% no período.
Já os juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito livre ficaram em 45,4%, uma queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Nos recursos direcionados houve estabilidade, a 11,8%.
O spread bancário, diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada do cliente, caiu para 31,6 pontos percentuais nos recursos livres, contra 31,7 pontos no mês anterior.
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