O empresário Gilberto Seleme, de Caçador, assume nesta sexta-feira (22) a presidência da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) com o grande desafio de liderar a resposta ao "tarifaço" de 50% imposto pelos Estados Unidos. Em entrevista exclusiva à NSC Total, ele defendeu que a solução para o impasse depende de uma conversa direta entre os líderes dos dois países.
"O presidente Lula deveria falar com o presidente Trump. E nós precisamos ser humildes porque apenas 1,1% das importações dos Estados Unidos vêm do Brasil. Para eles, somos pequenos; mas para nós, os Estados Unidos são muito grandes", enfatizou Gilberto Seleme.
Ele, que é o primeiro industrial do Oeste catarinense a presidir a entidade, compara o impacto da medida à indústria como "ter um dos quatro pneus furados". Seleme considera que, se as tarifas se mantiverem por mais de 90 dias, o setor terá "problemas sérios" para se adaptar e evitar demissões. O melhor cenário, segundo ele, seria uma redução das tarifas para uma faixa de 10% a 15%.
Ações da Fiesc e crítica ao governo federal
Desde que assumiu o cargo, Seleme tem articulado intensamente na busca por soluções. A Fiesc, junto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem patrocinado equipes e escritórios nos Estados Unidos para auxiliar no processo de negociação e mobilizar clientes americanos a pressionarem o próprio governo.
Para evitar demissões em massa, a entidade vai lançar um plano de emergência, em parceria com o Senai e o Sesi, que oferecerá cursos de qualificação e consultoria para que as empresas mantenham seus trabalhadores durante a crise.
Seleme também criticou a postura do governo federal, que, segundo ele, tem agido de forma lenta e não enviou negociadores com poder de decisão. "O governo não percebe o tamanho do impacto desse tarifaço. Em determinadas regiões e segmentos, isso pode se tornar devastador", alertou.
Prioridades da nova gestão
Na sua gestão, Gilberto Seleme promete seguir o planejamento estratégico de seu antecessor, Mario Cezar de Aguiar, com foco em três pilares: associativismo, educação e infraestrutura. Ele destacou a importância de continuar investindo no Senai e no Sesi para qualificar a mão de obra e defendeu a privatização de rodovias e ferrovias como solução para os gargalos históricos de infraestrutura de Santa Catarina.