Brasília viveu dias dos mais conturbados e agitados dos últimos tempos. Aconteceu um quase tudo, desde prisão de ex-presidente, tornozeleira eletrônica em senador, tarifaço de Trump e caos no Congresso Nacional. Acompanhe um “resumo” para ter certeza de que não perdeu nada da semana política do Brasil.
Marcos do Val com tornozeleira
A semana política já começou agitada na manhã de segunda-feira (4), quando o senador Marcos do Val (Podemos-ES) foi abordado pela Polícia Federal assim que aterrizou no Brasil. Ele utilizou passaporte diplomático para viajar para o exterior, mesmo sendo proibido de deixar o país sem autorização.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ele passou a utilizar tornozeleira eletrônica. Ele também teve o passaporte diplomático apreendido. Na quarta-feira (6), os senadores da oposição gravaram um vídeo de apoio a Marcos do Val.
Bolsonaro preso!
Após um fim de semana em casa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começou o dia indo para a rua. Tomou café na padaria, cortou o cabelo e fez uma ‘fézinha’ na lotérica, onde tirou foto com apoiadores. Mal sabia que a tranquilidade duraria pouco em uma semana política incomum.
No fim da tarde, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, decretou sua prisão domiciliar, por atuar de forma “deliberada e consciente” para descumprir as medidas cautelares. Assim, Bolsonaro se juntou a Lula, Temer e Collor como ex-presidentes presos.
Com a decisão de Moraes, a Polícia Federal entrou na casa de Bolsonaro e apreendeu seu celular. O político cumpre a prisão domiciliar em uma mansão de 400 m², com piscina, em condomínio fechado de Brasília.
Repercussão da prisão
O episódio teve repercussão imediata com manifestações nas redes sociais de aliados e opositores. A defesa do político contestou a decisão de Moraes, alegando que ele não descumpriu as medidas.
A família, obviamente, também reagiu. Eduardo Bolsonaro, dos Estados Unidos, chamou o ministro do STF de “psicopata descontrolado”. Flávio afirmou que a primeira era mais um episódio de perseguição e, que isso, “só fortalece seu legado”, enquanto Michelle citou a Bíblia: “E os céus anunciarão a sua justiça; pois só Deus é o juiz”. , o trecho faz parte do livro dos Salmos, no capítulo 50 e versículo 6. Já Carlos Bolsonaro passou mal e foi para o hospital.
A prisão também provocou reação dos Estados Unidos, que no X (antigo Twitter), publicou: “deixem Bolsonaro falar!”. Apoiadores do ex-presidente realizaram um buzinaço em Brasília e isso ainda era o início da semana política.
Visitas a Bolsonaro
A nova rotina do condomínio onde mora a família Bolsonaro incomodou os vizinhos e agitou o grupo de WhatsApp dos moradores. Teve quem sugerisse que o ex-presidente “fosse logo para a Papuda”.
Durante a semana política, Alexandre de Moraes determinou que o político pode receber Michelle Bolsonaro, os filhos e os netos sem necessidade de autorização prévia. O mesmo vale para seus médicos.
Na quinta-feira (7), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e outros políticos foram autorizados a visitar Bolsonaro. Ele falou que o ex-chefe “está bem, está sereno”. A defesa de Bolsonaro recorreu da decisão de prisão domiciliar e pediu votação na Primeira Turma.
Obstrução do Congresso
Como se a semana política do Brasil não estivesse agitada o suficiente, no dia seguinte à prisão de Bolsonaro, a oposição anunciou a obstrução do Congresso até a aprovação do “pacote da paz”, que inclui anistia aos presos de 8 de janeiro e o fim do foro privilegiado. Para garantir que as Casas não funcionariam, os parlamentares da oposição ocuparam as mesas e utilizaram esparadrapo na boca como forma de protesto.
Os governistas reagiram. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, cobrou autoridade do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) para desobstruir a Casa e chamou a ação bolsonarista de “sequestro da mesa da Câmara”. Aliados do PT compararam a ação com o 8 de janeiro. No dia seguinte, se reuniram com o presidente da Câmara.
Deputados e senadores da oposição se revezaram na ocupação das mesas e impediram o trabalho. Os parlamentares chegaram a se acorrentar às cadeiras e rezaram no Senado. Motta e Davi Alcolumbre anunciaram sessões para forçar o desimpedimento dos trabalhos, mas o presidente da Câmara sofreu para conseguir sentar na sua cadeira.
Pós-caos
Após o retorno das atividades no Congresso em meio a uma semana política agitada, a oposição anunciou acordo com o Centrão para pautar a anistia, mas os governistas negaram. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), acusou Camila Jara (PT-MS) de agredi-lo, durante a confusão para Motta sentar na sua mesa.
A petista negou ter agredido o colega. “Tenho 1,60 e 49kg”, alegou. Os dois foram denunciados ao Conselho de Ética. O mesmo ocorreu com uma deputada catarinense, acusada de usar seu bebê como “escudo”. Para o PL, a paz no Congesso, depende da anistia ser pautada. Motta deve punir deputados e encaminhou as representações à Corregedoria Parlamentar.
Impeachment de Moraes
No meio da confusão da semana política, ainda deu tempo da oposição alcançar a 41ª assinatura pelo pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, podendo ser protocolado.
O senador Laércio Oliveira (PP-SE) foi quem deu a assinatura 41 ao pedido de impeachment. Romário, eleito pelo PL, foi pressionado a assinar por Renan Bolsonaro e por Silas Malafaia. O Baixinho reagiu dando unfollow e apagando fotos com Bolsonaro.
Apesar da movimentação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) descartou pautar o impeachment de Moraes. “Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento”. Entenda quais seriam os próximos passos.
Tarifaço de Trump
Na quarta-feira (6), começou a valer o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, que não foram incluídos na lista com quase 700 exceções. O Itamaraty anunciou durante a semana que o governo Lula acionou o tarifaço na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Em entrevista a agência de notícias estrangeira, Lula disse que não vai “se humilhar” ligando para Trump. “Eu não tenho porque ligar para o Trump. Nas cartas e nas decisões, ele nunca fala em negociação. Só em novas ameaças”, justificou.
Senadores criam Comissão do Tarifaço para manter diálogo com autoridades após ir aos EUA, movimentando ainda mais a semana política.
Na quinta-feira (7), os governadores Ibaneis Rocha (MDB-DF), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Wilson Lima (União Brasil-AM) e Jorginho Mello (PL-SC), se reuniram em Brasília. Eles cobraram ação do governo federal para reverter a tarifação.
Ratinho Jr.
A semana política ainda teve entrevista do presidenciável Ratinho Jr. ao ND Mais. O governador culpou o presidente Lula pelo tarifaço de Trump. Na sua opinião, o motivo da taxação é a política externa brasileira, em especial da proposta de desdolarização do comércio internacional.
Pré-candidato à presidência e falou que acredita ser a vez da sua geração em liderar o país. O governador defendeu equilíbrio nas penas do 8 de janeiro, sendo analisado caso a caso. “Não me parece correto que um pipoqueiro, que estava presente naquele dia, receba a mesma condenação que alguém que tira a vida de um trabalhador”.
Falas de Lula
Em leve recuperação de popularidade desde o anúncio do tarifaço, o presidente Lula (PT) ampliou os eventos e discursos públicos durante a semana política. Começou prometendo ser “cada vez mais socialista” e chorou ao lembrar que passou fome.
Mas também soltou pérolas, marcando histórico de frases “sem filtro” dos presidentes. Ao falar sobre o seu salário, de R$ 46 mil, afirmou que “não é muito”. Nesta sexta-feira (8), em Porto Velho (RO), voltou a criticar Bolsonaro. “Seja homem, crie vergonha! Crie vergonha e responda pelo que você fez, não fique choramingando, não. Um presidente que não teve coragem de entregar a faixa pra mim. Foi embora”, fechando a semana política.
ND+