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Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida

Com vocação histórica e condições ideais de cultivo, o estado inicia um novo ciclo produtivo que une agricultura familiar, turismo e inovação.

Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida
Foto: Divulgação

 

Tomar café pode parecer apenas um ritual matinal, mas em Santa Catarina ele começa a ganhar novos significados. Com um mercado em expansão e consumidores mais exigentes, o café especial se consolida como um produto valorizado, que envolve história, afeto e oportunidade de renda.

O grão moído na hora, o filtro escaldado e a água medida com precisão: o que antes era um simples hábito, agora movimenta negócios, forma profissionais e reativa uma cadeia produtiva com raízes antigas no estado.

Essa valorização tem motivos. O café especial exige grãos selecionados, frutos maduros e um processo rigoroso de produção e torra. O resultado é uma bebida com sabor mais leve, menos amargor e acidez reduzida.

Por isso, tornou-se essencial em locais que trabalham com alimentos artesanais, como padarias de fermentação natural e cafeterias autorais. Em Florianópolis, há casas que oferecem até 17 variações da bebida, sempre com foco na qualidade e na origem.

Torrefações, escolas e um novo olhar para o consumo

O interesse pelo café especial também mudou a forma como ele é servido e compreendido. Se antes era apenas um acompanhamento, hoje ganha protagonismo. Isso impulsiona a busca por fornecedores qualificados, rastreabilidade e preparo cuidadoso.

Essa virada levou à formação de profissionais. Em Florianópolis, foi criada a primeira escola de cafés especiais do país reconhecida por uma associação nacional. O local já formou mais de 5 mil baristas e virou referência para quem consome, serve ou produz café.

Produção própria ainda é desafio, mas cenário está mudando

Apesar do avanço no consumo e na qualificação, o grão torrado em Santa Catarina ainda vem de fora. Hoje, 100% do café especial usado no estado é de outras regiões do Brasil. Mas isso está mudando.

Em Corupá, famílias que cultivavam banana decidiram investir em café. O cultivo sombreado, junto às bananeiras, melhora a qualidade do grão e retoma práticas antigas.

Há pelo menos dez anos, o Instituto Federal Catarinense (IFC) realiza estudos para adaptar cultivares ao clima local. Os resultados mostram potencial para uma produção em menor escala, mas com alto valor agregado.

A Epagri, em parceria com o IFC, já mapeou áreas com potencial para o cultivo, especialmente no litoral. A proposta é criar nichos voltados à agricultura familiar, com foco na rastreabilidade e no cuidado em cada etapa.

Heranças afetivas e novas gerações de produtores

Famílias estão reinventando o próprio passado. Em Rodeio, no Vale do Itajaí, a família Tambosi retomou o cultivo iniciado por seus antepassados e, em 2022, alcançou a classificação como café especial. Com apoio técnico, modernizaram o processo de secagem e abriram a propriedade ao turismo.

Outras regiões apostam em modelos colaborativos, como a “torradeira coletiva”, onde torrefadores compartilham equipamentos de ponta, reduzindo custos e mantendo a qualidade. Em Florianópolis, há mais torrefações per capita do que em São Paulo, o que mostra o interesse crescente pelo café.

Café que faz bem para o corpo, o paladar e a economia

Além de aquecer a economia local e valorizar o campo, o café especial também traz benefícios para a saúde. Por ser torrado de forma mais clara e cuidadosa, ele é menos agressivo ao estômago e pode ajudar na memória, foco e disposição.

Santa Catarina está escrevendo um novo capítulo em sua relação com o café. Mais do que plantar, colher e moer, trata-se de resgatar saberes antigos e adaptá-los aos novos tempos, com propósito, qualidade e identidade.

ND+

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