O adolescente de 16 anos que matou uma criança e deixou três feridas em uma escola municipal de Estação, no Norte do Rio Grande do Sul, não demonstra arrependimento e nem tem consciência do que fez. A informação foi divulgada pelo delegado José Roberto Lukaszewigz, responsável por interrogar o agressor na terça-feira (8), horas após o ataque. Com informações da GZH.
Em depoimento, o adolescente assumiu a autoria dos fatos. Agora, as investigações da Polícia Civil buscam entender quais os motivos do ataque.
— Falamos [com o agressor] ontem e ele assumiu a autoria dos fatos. Mas claramente tem uma perturbação mental: durante a entrevista, ele olhava para o lado e parecia estar falando com outra pessoa, como se fosse um amigo imaginário. É bem alterado e não demonstrou arrependimento nem tem consciência do que fez — disse o delegado.
A Justiça determinou a internação provisória do adolescente por 45 dias, como diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Durante o período, ele deve passar por julgamento e dependendo da decisão, o tempo de internação pode chegar a três anos.
— Estamos trabalhando com o Departamento de Informática da Polícia Civil, de Porto Alegre, que analisa o celular dele. Em depoimento, ele não especificou qual a motivação para o ataque. Nas entrevistas que tivemos, demonstrou claramente o desvio psicológico.
O adolescente passou por uma consulta com psiquiatra no dia anterior ao ataque, mas não é possível afirmar que qualquer diagnóstico tenha relação com o ato de violência. O quadro médico não está esclarecido, informou o delegado.
— A família tinha conhecimento desse quadro, mas nunca houve qualquer ato violento antes. Ele não tinha antecedentes policiais, nunca brigou com ninguém na escola, nem tinha inimigos, por exemplo. Tanto é que [o adolescente] disse que escolheu a escola aleatoriamente.
Como foi o crime
O caso foi registrado por volta de 10h desta terça-feira após o adolescente entrar na escola “de forma tranquila” por já ser conhecido pelos funcionários, como contou o coronel Carlos Aguiar, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Região Norte (CRPO Norte).
— Ele disse que queria entregar um currículo e pediu para ir no banheiro. Então causou uma surpresa geral quando começou o ataque — disse.
Depois, entrou na sala do terceiro ano do ensino fundamental, onde atingiu três estudantes e uma professora. Foram encontradas três facas com ele.
O zelador Luís Carlos dos Santos foi o responsável por desarmar o adolescente ao atingi-lo com uma pá nas costas. O agressor também tentou entrar na sala do quinto ano. Os alunos da escola foram acolhidos pela aposentada Ercina Dalacorte, de 76 anos, que viu as crianças fugindo do local.
— Vi que as crianças começaram a correr para o meio da rua, achei que fosse um incêndio. Eram todos pequenos, fiquei com muita pena porque eles choravam e me abraçavam — conta.