Além do apresentador Luciano Huck, outros famosos se manifestaram sobre a megaoperação ocorrida no Rio de Janeiro, que deixou 120 mortos, na semana passada. O apresentador utilizou o final do programa Domingão com Huck para realizar um desabafo.
Huck começou falando que nasceu em São Paulo, mas que escolheu o Rio de Janeiro para viver e criar seus filhos há mais de 20 anos. Com isso em mente, ele se sentia confortável para falar sobre a megaoperação, que segue repercurtindo desde a última terça-feira (28).
— É uma tristeza ver o mesmo modelo de segurança pública se repetir há décadas sem nenhum resultado. Quantas vezes eu já não parei um programa de televisão aqui na TV Globo para falar desse assunto? 120 mortos numa operação policial no complexo do Alemão e da Penha. Por trás desse número, tem 120 mães que enterraram seus filhos — disse Huck.
Além disso, o apresentador lembrou que milhões de brasileiros vivem em territórios dominados pelo tráfico e pela milícia.
— Vale lembrar que a enorme maioria da população carioca vive nesses cantos da cidade e é também refém dessa violência. Não compactuam, não pertencem. A violência urbana é a maior dor do Brasil, sem a menor dúvida, atualmente. E quem lucra de verdade com a criminalidade não está no complexo do Alemão, nem na Penha. Aqueles fuzis, aqueles drones, aquelas armas de guerra não foram fabricados ali e não chegaram ali sozinhos — completou.
Apresentador critica falas de Luciano Huck
Após a fala, o também apresentador Luiz Bacci criticou as opiniões de Luciano Huck.
— Eu não concordei com o que ele disse. Não vou romantizar o crime e nem o sofrimento das mães desses traficantes. Eu prefiro ficar do lado das mães dos inocentes que choram até hoje por terem perdido seus filhos nas mãos da facção. Esse seu tipo de discurso de palhaço, de palhaçada serve, na verdade, para tentar intimidar a polícia a entrar no morro. Só bandido morreu — disse o jornalista.
As falas de Bacci foram divulgadas em suas redes sociais. O apresentador classificou os mortos na megaoperação como “bandidos, vagabundos e assassinos”.
Artistas criticam megaoperação no RJ
Além de Luciano Huck, o humorista Paulo Vieira, da TV Globo, usou as redes sociais para criticar o governador Cláudio Castro, do Rio de Janeiro.
— O governador bolsonarista Cláudio Castro é o grande responsável pela desgraça que o Rio vive hoje. Para se livrar, ele vai botar a culpa até no Cristo Redentor, mas não se engane. Ele inclusive foi contra a PEC da Segurança que foi votada no congresso. Só para gente não esquecer: o governador do Rio de Janeiro é do PL, todos os senadores do Rio são do PL, nove deputados federais do Rio são do PL… Agora o governador numa atitude desesperada e eleitoreira, sacrifica o povo para fazer esse teatro sanguinário para sua plateia trevosa. Que Deus tenha piedade do povo — disse o humorista.
O rapper Djonga também se posicionou sobre a megaoperação. Em suas redes sociais, o artista afirmou que o estado segue adotando violência como resposta aos problemas sociais.
— A violência segue sendo a única resposta do Estado pro problema que ele mesmo ajuda a criar com falta de estrutura básica pra um ser humano viver minimamente bem — afirmou o rapper.
A atriz Debora Bloch, intérprete de Odete Roitman no remake da novela Vale Tudo, compartilhou um vídeo em suas redes sociais. Na postagem, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) comenta a situação. Além do vídeo, a atriz afirmou:
— A maior chacina do estado do Rio de Janeiro não é política de segurança, é política de extermínio.
Polícia divulga perfil de mortos em megaoperação no RJ
A Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (3), o perfil de 115 dos 121 mortos na megaoperação do Rio de Janeiro, que ocorreu na última semana contra uma facção criminosa. A lista conta com dois menores de 18 anos e 17 pessoas que não tinham registros policiais. Entre os mortos, segundo a Polícia Civil, também há um homem, de 28 anos, natural do Pará, mas com histórico criminal em Santa Catarina.
Segundo o documento, dos 115 nomes divulgados, 99 apresentavam histórico criminal e 12 apresentaram indícios de participação no tráfico nas redes sociais. Ainda conforme a Polícia Civil, 62 mortos são de outros estados: 19 do Pará, 9 do Amazonas, 12 da Bahia, 4 do Ceará, 2 da Paraíba, 1 do Maranhão, 9 de Goiás, 1 do Mato Grosso, 3 do Espírito Santo, 1 de São Paulo e 1 do Distrito Federal.
O relatório indica que, no Rio de Janeiro, há chefes de organizações criminosas de 11 estados da federação, de quatro das cinco regiões do país.
NSC
