A terceira morte suspeita por consumo de bebidas alcoólica com metanol na Grande São Paulo foi confirmada pela Prefeitura de São Bernardo do Campo nesta segunda-feira, 29. Ainda há 10 casos sob investigação por suspeita de intoxicação por bebida contaminada em São Paulo. As informações são do g1.
Essa é a segunda morte confirmada em São Bernardo do Campo. Segundo a prefeitura, um homem de 58 anos morreu no dia 24 de setembro, após ser atendido no Hospital de Urgência. A outra morte aconteceu no último sábado, de um homem de 45 anos, em uma unidade da rede particular.
Já a vítima da capital paulista é um homem de 53 anos, que apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu no dia 15. Ainda estão sendo realizados pelo Instituto Médico Legal exames para confirmar a intoxicação pela bebida adulterada, ou se as vítimas consumiram intencionalmente o metanol.
De acordo com o Ministério da Justiça e de Segurança Pública, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu “notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada”.
Os casos, segundo a pasta, são “considerados fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol”.
O que é o metanol
Segundo o g1, o metanol (CH3OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
Orientações
Os casos seguem sob investigação das autoridades policiais e de saúde. Em nota, o secretário nacional do Consumidor, Paulo Henrique Pereira, reforçou a importância da atuação conjunta entre governo, setor privado e sociedade para coibir práticas criminosas de falsificação e proteger consumidores. A recomendação se estende a bares, restaurantes, casas noturnas, aplicativos de entrega, entre outros.
Entre as orientações estão a compra segura, a conferência de produtos e o fortalecimento da rastreabilidade dos produtos. O documento também destaca que alguns pontos devem ser tratados como suspeita de adulteração: preços anormalmente baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solventes, além de relatos de consumidores com sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência.
“Nesses casos, os estabelecimentos devem interromper imediatamente a venda do lote; isolar fisicamente os produtos; preservar garrafas, caixas, rolhas e rótulos como evidência; e manter ao menos uma amostra íntegra por lote para possível perícia”, informou o órgão.
Leia a nota na íntegra da Secretaria de Estado da Saúde de SP
“O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo informa que, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, dos quais dois resultaram em óbito – um em São Bernardo do Campo e outro na capital.
Atualmente, há dez casos sob investigação com suspeita de intoxicação por consumo de bebida contaminada, na capital.
O CVS está apoiando e monitorando o trabalho dos Municípios na fiscalização dos estabelecimentos de comércio de bebidas (distribuidoras, bares etc.) envolvidos na comercialização e distribuição dos produtos contaminados. O CVS reforça que o consumo de bebidas alcoólicas de origem clandestina ou sem procedência confiável representa risco à saúde, já que podem conter substâncias tóxicas.
A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco”.
Leia a nota do governo federal
“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcóolica adulterada.
O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.
O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.
A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.
SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.