Uma auditoria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concluiu que a fadiga da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente com o voo 2283 da Voepass, ocorrido em 9 de agosto de 2024, que resultou na morte de 62 pessoas, incluindo 4 tripulantes.
O relatório da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo analisou as escalas de trabalho do comandante e do copiloto desde 1º de maio de 2024 até a data do acidente, incluindo registros de check-in e check-out em hotéis. A auditoria identificou que a empresa reduziu o tempo de descanso da tripulação, o que pode ter causado cansaço em um nível capaz de prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Esse fator, somado a outras possíveis causas, pode ter contribuído para o acidente.
Além disso, o MTE constatou que a Voepass não realizava controle efetivo da jornada de trabalho dos funcionários, descumprindo a Lei dos Aeronautas em relação aos limites de jornada e períodos mínimos de descanso, e violando cláusulas da convenção coletiva voltadas à prevenção da fadiga. Como resultado, a empresa foi autuada em 10 autos de infração, com multas que somam aproximadamente R$ 730 mil, e foi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão do Fundo de Garantia dos Trabalhadores (FGTS).
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) suspendeu as operações da Voepass em março de 2025 e cassou sua certificação de operação em junho do mesmo ano. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial em abril de 2025.
A Voepass foi procurada para comentar o relatório do MTE, mas não respondeu aos contatos até o momento.
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