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Justiça manda anular concurso público mais de 20 anos depois por beneficiar parentes de políticos

Das 132 vagas, 62 foram para pessoas que tinham já alguma relação com o município de Governador Celso Ramos. Cabe recurso.

Justiça manda anular concurso público mais de 20 anos depois por beneficiar parentes de políticos
Foto: Prefeitura de Governador Celso Ramos/Divulgação

A Justiça de Santa Catarina mandou anular o concurso público número 001/2003, do município de Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis. De acordo com a sentença, ficou comprovado que houve o favorecimento a parentes de políticos e outras pessoas já ligadas ao município. Cabe recurso.

O Poder Judiciário explicou que a anulação não vale imediatamente, mas após todas as instâncias judiciais se esgotarem. Das 132 vagas do concurso, 62 ficaram com pessoas que já tinham algum vínculo com o município, conforme a sentença.

A Prefeitura de Governador Celso Ramos disse em nota que vai recorrer e que "não será adotada qualquer ação de exoneração ou afastamento dos servidores até que haja uma decisão definitiva (trânsito em julgado) da questão" (veja a nota completa no final da reportagem).

A sentença também condenou Samuel Silva, que era o prefeito na época, ao ressarcimento integral das perdas e danos causados aos cofres do município. O montante será decidido durante o andamento do processo.

Segundo a sentença, ele foi condenado porque, como prefeito, deveria garantir que a honestidade do concurso. A defesa dele informou que vai recorrer.

O concurso público foi feito em 25 e 26 de outubro de 2003. O objetivo era preencher cargos efetivos do quadro de pessoal da prefeitura.

Desde o final de 2003, o caso tramita no sistema judiciário. Já houve duas sentenças anteriores, mas elas foram anuladas pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina sob o argumento de que todos os beneficiários das nomeações deveriam ser citados pessoalmente.

Sentença

Na sentença, de 29 de agosto, a juíza Flávia Maeli Baldissera enumerou exemplos de irregularidades no concurso:

  • não houve controle de tempo adequado na prova de informática;
  • na prova de informática, candidatos receberam auxílio direto de fiscais;
  • foram aprovadas pessoas como o sobrinho de um vereador, um servidor, a esposa de um vereador e um irmão do então prefeito;
  • diversos dos aprovados colocaram o próprio nome na prova discursiva, enquanto o edital determina que não haveria identificação dos candidatos;
  • aprovação de diversos candidatos que declararam nunca ter utilizado um computador, embora o cargo exigisse noções básicas de informática;
  • uma candidata não comprovou a escolaridade mínima até a época da inscrição.
 

O que diz a prefeitura

Confira abaixo a íntegra da nota da Prefeitura de Governador Celso Ramos:

Em resposta aos questionamentos da imprensa, a Prefeitura de Governador Celso Ramos esclarece os seguintes pontos do Processo nº 0005121-43.2003.8.24.0007 e Concurso Público 001/2003:

Sobre a manifestação em relação à decisão judicial, a Prefeitura informa que irá recorrer da decisão que anulou o Concurso Público 001/2003. A administração municipal está adotando todas as medidas cabíveis nos autos do processo para demonstrar a legalidade do certame.

Sobre a situação dos servidores, não será adotada qualquer ação de exoneração ou afastamento dos servidores até que haja uma decisão definitiva (trânsito em julgado) da questão. O município respeita o devido processo legal e aguardará o esgotamento de todos os prazos e recursos antes de tomar qualquer providência.

A Prefeitura reitera seu compromisso com a legalidade e com a estabilidade de seus servidores, mantendo a transparência com a população e a imprensa sobre os desdobramentos do caso.

Governador Celso Ramos, 09 de setembro de 2025

G1

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