Um gesto de amor e lealdade entre dois cães emocionou quem passou pela BR-282, em Pinhalzinho, no Oeste de Santa Catarina, no domingo (20). Após um cão ser morto atropelado na altura do bairro Primavera, a cadela que o acompanhava permaneceu ao lado do corpo por horas, lambendo o amigo e chorando, como se tentasse fazê-lo despertar.
A cena chamou a atenção de motoristas e moradores da região. Mesmo após o corpo ser retirado da pista, a cadela permaneceu no local. Ela chegou a rosnar quando alguém tentava se aproximar, demonstrando instinto protetor. (Assista abaixo)
Na manhã desta segunda-feira (21), voluntárias da ONG Patinhas do Bem foram até o local onde o cão foi morto atropelado para prestar apoio e buscar uma solução para o animal sobrevivente.
A cadela já estava sob os cuidados de uma voluntária da ONG em um lar temporário. Os tutores dela foram encontrados e devem buscá-la ainda hoje, conforme informou a ONG.
Segundo uma das voluntárias da ONG, Jéssica Ribeiro, a cadela, possivelmente uma pastor-alemão capa preta, se chama Medusa, tem aproximadamente nove anos e estava no cio, o que pode ter motivado a fuga de casa com o outro cão, chamado Bolt, que vivia solto em uma chácara próxima.
“Eles não conviviam, mas por ela estar no cio, acredito que criaram uma amizade”, contou ao ND Mais.
De acordo a voluntária, os tutores notaram o desaparecimento de Medusa no sábado pela manhã. Após o atropelamento, ela permaneceu a noite inteira ao lado de Bolt, chorando e recusando-se a deixar o local.
“Achávamos que tirando ela da pista, ela iria voltar para casa. Mas não. Ela chorava o tempo todo, demonstrando que queria que ele acordasse”, relatou Karine Knakiewicz, que também é voluntária da ONG e acompanhou todo o resgate da cadela.
O transporte e os cuidados emergenciais com Medusa foram custeados pela ONG Patinhas do Bem. “Ela não quis abandoná-lo. Quis ficar até o fim”, complementou a voluntária.
Atuação da ONG vai além dos resgates
A ONG Patinhas do Bem, responsável pelo acolhimento de Medusa, não atua apenas no resgate de animais em situação de risco. As voluntárias também organizam e divulgam eventos para arrecadar fundos para manter os atendimentos.
Grande parte da renda da ONG, que foi criada oficialmente há cerca de 4 anos, vem de doações por meio de contribuições espontâneas até ações como rifas com PIX premiado, além de doações de ração.
“Somos imensamente gratas a todos que doam o pouco que têm, que ajudam como podem. É graças a essas pessoas que conseguimos continuar ajudando”, afirmam as voluntárias.
As voluntárias destacam que por esse e vários outros motivos é que a ONG insiste na castração dos animais. “Sabemos que faz parte do instinto deles, mas a castração poderia ter salvo a vida dele, e evitado mais uma ninhada que possivelmente está a caminho. Castrar é um ato de amor”, acrescenta Jéssica.