A chegada constante de e-mails, mensagens no celular a qualquer hora e convites para reuniões de última hora são parte do novo cenário que trabalhadores enfrentam diariamente. Uma pesquisa recente, intitulada “Repensando a Jornada de Trabalho Infinita”, identificou como essas demandas ultrapassam o horário comercial e afetam diretamente a saúde mental e o rendimento profissional.
Com o celular sempre à mão, muitos profissionais se veem trabalhando praticamente em tempo integral. “Estou sempre pendente das notificações que chegam dos meus superiores”, relata uma entrevistada. Essa facilidade de conexão, antes vista como uma vantagem, passou a intensificar as relações de trabalho também fora do expediente, contribuindo para o sentimento de esgotamento.
A pesquisa revelou que, durante o expediente, convites para reuniões e e-mails chegam em média a cada 2 minutos, e a maioria dos encontros virtuais não é agendada com antecedência. Além disso, a média de mensagens recebidas fora do horário comercial chega a 58 por dia. Esses números mostram uma busca incessante por produtividade, que ultrapassa o que é definido por lei.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a sobrecarga é o principal fator de adoecimento relacionado às atividades laborais. O chamado burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é cada vez mais comum e pode desencadear uma série de doenças físicas, como gastrite e psoríase, e mentais, como depressão e transtornos de ansiedade.
"O estresse crônico gerado pela sobrecarga constante está, de forma inquestionável, ligado a uma variedade de doenças", explica uma especialista consultada na pesquisa.
Um dos relatos presentes no estudo mostra os impactos extremos da sobrecarga. Após anos de dedicação intensa ao setor de comércio exterior, uma profissional teve um colapso em pleno domingo. Ao receber uma ligação de trabalho, sentiu um tremor no corpo e uma forte pressão na cabeça. Mesmo assim, atendeu a demanda. Pouco depois, os sintomas se intensificaram: enjoo, formigamento e queda de pressão. No pronto-socorro, o diagnóstico: infarto.
Desde então, a rotina dessa profissional mudou. Segue trabalhando, mas com mais equilíbrio e respeito aos próprios limites. Segundo ela, o episódio serviu como um alerta: “A gente é substituível no trabalho, mas insubstituível na vida das pessoas que amamos.”
O alerta é claro: é preciso repensar a cultura do ‘estar sempre disponível’. A produtividade não pode vir à custa da saúde física ou emocional. O trabalho é importante, mas a vida vale mais.
Maiara Valdameri com informações Jornalismo Tv Cultura
