Na última semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou novas regras para a realização da cirurgia bariátrica em todo o Brasil. Em meio às mudanças, que incluem a permissão para a cirurgia em adolescentes de 14 anos e pessoas com um IMC menor do que antes, Santa Catarina possui cerca de 451 pessoas que aguardam na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar a bariátrica.
Os dados são estimados pelo Portal da Lista de Espera do SUS de Santa Catarina, atualizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O painel permite que a população consiga ver a própria posição na fila do SUS, monitorando quantas pessoas faltam para que sua vez de fazer a cirurgia chegue.
Desde 2024, nove unidades hospitalares catarinenses realizam a cirurgia em diferentes regiões do Estado. No ano anterior, foram feitas 834 cirurgias bariátricas, um aumento de 143% em relação a 2022, quando foram feitos 343 procedimentos.
Em relação ao aumento de cirurgias feitas, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, disse que a pasta vem atuando para “diminuir o sofrimento das pessoas, combatendo as longas filas de espera em diversas áreas, entre elas a da bariátrica”.
— Precisamos lembrar que a cirurgia é o último recurso, as unidades desenvolvem um trabalho com equipe multiprofissional, antes de realizarem o procedimento — destacou.
De acordo com a pasta, é necessário passar por algumas etapas antes da operação. Primeiro, o paciente precisa procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde será avaliada a necessidade da cirurgia com base na saúde do paciente, no Índice de Massa Corporal (IMC) e nas comorbidades.
A pessoa, então, é colocada na fila de espera da Central de Regulação do Estado e, depois, encaminhada para o hospital de referência de sua região. A cirurgia bariátrica que aparece na Lista de Espera do SUS é feita por videolaparoscopia, considerada menos invasiva.
Veja as cidades e quantas pessoas aguardam na fila por hospital
Joinville – Hospital Regional Hans Dieter Schmidt: 235 pessoas
218 com posição na fila, enquanto outras cinco estavam sem posição disponível no painel
Previsão de atendimento em até 510 dias (1,39 ano)
Joaçaba – Hospital São Miguel: 88 pessoas
87 pessoas com posição na fila, enquanto uma está sem posição disponível no painel, por “solicitação administrativa ou emergencial, que não possui lista de espera”
Previsão de atendimento em até 171 dias (cinco meses)
Sombrio – Hospital Dom Joaquim: 90 pessoas
83 pessoas com posição na fila, enquanto outras 7 estão sem posição disponível no painel
Previsão de atendimento em até 49 dias
Mafra – Hospital São Vicente de Paulo: 20 pessoas
16 pessoas com posição na fila, enquanto outras quatro estão sem posição disponível no painel, com a justificativa que se trata de “solicitação administrativa ou emergencial, que não possui lista de espera”.
Previsão de atendimento em até 86 dias (quase três meses)
Brusque – Hospital Azambuja: 6 pessoas
Previsão de atendimento em até 28 dias
São José – Hospital Regional Homero de Miranda Gomes: 5 pessoas
As cinco pessoas estão sem posição disponível no sistema por que a unidade está “sem atendimentos no período do cálculo”. O sistema sugere que o paciente procure uma unidade de saúde.
Lages – Hospital Geral Tereza Ramos : 2 pessoas
As duas pessoas estão sem posição disponível no sistema por que a unidade está “sem atendimentos no período do cálculo”. O sistema sugere que o paciente procure uma unidade de saúde.
Florianópolis – Hospital Universitário: 3 pessoas
Duas pessoas com posição na fila e uma sem. Previsão de atendimento em até 183 dias (seis meses)
Blumenau – Hospital Santo Antônio: informação não disponível no painel.
Novas regras
Com as mudanças, pessoas com IMC entre 30 e 35 passam a poder realizar o procedimento. O índice de massa corporal (IMC) é o peso em quilos dividido pela altura ao quadrado. Entre 25 e 29,9 é considerado sobrepeso. Se for superior a 30 é considerado obesidade grau I.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, 61,4% da população estava com sobrepeso. Desses, 24% estão obesos. Para fazer a cirurgia, não é necessário ter um tempo mínimo de diagnóstico de diabetes ou requisito de idade.
Antes, era necessário que os pacientes tivessem até 10 anos de diagnóstico de diabetes, com mais de 30 e menos de 70 anos de idade.
Outras doenças também foram incluídas no leque de comorbidades, como:
Diabetes tipo 2
Doença cardiovascular grave
Apneia do sono grave, entre outros
Doença renal crônica precoce
Doença gordurosa hepática
Refluxo gastroesofágico
A idade mínima para a cirurgia também foi uma mudança significativa nas regras. Agora, pacientes a partir dos 14 anos de idade podem fazer a bariátrica, mas precisam estar em caso de obesidade com IMC acima de 40, que leve a complicações de saúde. Antes, a idade mínima era 16 anos.
NSC
