A criança aprende na primeira infância muito mais do que imaginamos. Aprende a comer, falar, andar de maneira muito semelhante a seus familiares ou as pessoas que cuidam dela.
São as relações que a criança vai vivenciando e presenciando, que vão permitindo que ela aprenda a como se comportar, como reagir as diversas situações da vida, e especialmente, aprende a como sentir a maioria das emoções.
Sim, emoções também são aprendidas, na medida em que percebemos no outro as reações e os efeitos que causam em nós, embora muitas vezes as crianças não saibam nomear as emoções, mas desde muito pequenos aprendem a senti-las.
Assim, aprendemos a ter amor e nos sentirmos amados, quando sentimos desde bebês que nossos pais e familiares nos tratam com amor, com carinho e atenção.
Aprendemos a sentir carinho e afetos positivos quando a família nos ensina a cuidar uns dos outros, fazer carinho nos familiares e em nossos animais.
Aprendemos também a sentir raiva e irritação quando nos sentimos deixados de lado, rejeitados, quando nos sentimos injustiçados por receber castigos e xingamentos ao não merecer. O famoso “você sabe por que está sendo castigado”, na verdade apenas inspira sentimentos represados, confusos, de angústia, tristeza e raiva.
Aprendemos também a reagir conforme nossas emoções. O carinho quando gostamos das pessoas, é resultado do aprendizado do amor. O choro quando nos sentimos tristes ou desconfortados em nossas necessidades, é resultado da aprendizagem das reações da família. Ao perceber que somos ouvidos e acalentados quando choramos, vamos repetir sempre que nos sentirmos desconfortados ou tristes.
Assim também, quando convivemos com reações de violência dentro de nossa família, também aprendemos a ser violentos e reagir com violência quando queremos algo.
Não é apenas a violência direta com a criança que as ensina a ser violentos, mas também quando percebem a violência contida nas palavras e atitudes em relação aos familiares, como quando os pais brigam muito na frente dos filhos, ou quando brigam com outros filhos, ou mesmo quando brigam ou reagem com violência física ou verbal a qualquer situação na frente das crianças.
Até mesmo quando percebem os pais brigando ou falando asperamente de outras pessoas, criticando de forma rude ou desdenhando de outras pessoas, a criança aprende a ser violenta.
E aqui precisamos estar alertas sobre os vários tipos de violências que existem. Muitas vezes percebemos apenas a violência física, pois seus efeitos são mais visíveis e ofensivos.
Mas a violência psicológica por vezes é muito maior e mais cruel, pois não permite que as pessoas se defendam, não dá chances para revidar, e muitas vezes deixam marcas e sequelas até mais serias e graves, por toda a vida.
A violência psicológica pode matar os sonhos e a capacidade de ser feliz, por isso, mata em vida o ser humano.
A violência psicológica, o desdenhar, o debochar de atitudes da criança, o fazer com que se sinta humilhado, faz com que aprendam a reagir exatamente dessa mesma maneira com seus colegas, especialmente aqueles que julgam um pouco mais fracos que eles.
Aqueles que cometem bulliyng, por exemplo, estão tão adoecidos quanto aqueles que sofrem a violência deles.
É importante observar melhor nossos filhos e familiares, para perceber como se sentem em relação a comentários e atitudes que temos.
É importante aprender a falar de nossos sentimentos, e educar nossos filhos para identificar e saber reagir frente as dificuldades da vida, para que eles não reproduzam, mesmo sem perceber, a violência que presenciam em diversas situações.
Não é preciso viver em um ambiente violento fisicamente para aprender a ser violento, basta que não tenha limites para aprender a ser violento quando não recebe o que espera e o que quer.
Quando permitimos que nossos filhos comandem a família, quando permitimos que cresçam sem limites razoáveis e saudáveis, estamos indiretamente favorecendo a aprendizagem da violência, pois não saberão reagir adequadamente a falta que sentem.
A base da família sempre é importante. O diálogo e a educação emocional é sempre importante.
Se ensinamos nossas crianças a falarem de seus sentimentos e aprenderem a lidar com suas faltas e desejos, assim lhes ensinaremos a ser emocionalmente mais estabilizados e a controlar melhor seus impulsos e sua agressividade natural.
Em casos de reações extremadas de agressividade, é necessário um acompanhamento profissional, ou mesmo médico, para aprender o auto controle e a dominar a ansiedade que a agressividade interna pode gerar.
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Odaiz Machado
Psicóloga