A utilização dos instrumentos musicais na liturgia é uma parte integrante da expressão da fé e do culto divino do povo de Deus. Os instrumentos musicais têm o poder de elevar a experiência espiritual, proporcionando beleza e profundidade à celebração litúrgica.
Quando utilizados de forma correta, os instrumentos musicais podem enriquecer a liturgia, trazendo uma dimensão sonora que complementa e enriquece as orações, as leituras (principalmente os salmos) e a ritualidade da comunidade orante em torno do mistério pascal de Cristo. No entanto, é essencial que a escolha dos instrumentos e a forma como são tocados estejam alinhadas com o caráter sagrado do cantar a liturgia, principalmente nos momentos de silêncio.
Na atualidade temos o violão, o teclado, o pandeiro, o acordeom e muitos outros instrumentos que foram inculturados para a liturgia, porém antes do Concílio Vaticano II era tido como principal e colocado em destaque somente o órgão de tubos ou igualmente adaptadas as melodias com pianos que somados aos coros de vozes humanas elevavam os cânticos. A partir da Sacrosactum Concilium nº 120 temos a seguinte orientação: “Podem utilizar-se no culto divino outros instrumentos, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade competente, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis”.
Com isso, vemos uma grande abertura da Igreja em propor a utilização de outros instrumentos, favorecendo os fiéis a tomarem parte e somarem ao fazer litúrgico da sustentação do canto a sua participação ativa, frutuosa e consciente. Além disso, procura-se orientar que a seleção musical e o modo como os instrumentos são usados devem refletir o espírito da celebração e não distrair os fiéis da oração e da contemplação dos mistérios sagrados.
Os músicos que tocam durante a liturgia devem ser sensíveis à atmosfera espiritual do momento, buscando sempre servir à comunidade reunida para celebrar. A moderação e a harmonia na execução musical são essenciais para garantir que os instrumentos cumpram seu propósito de elevar a experiência de fé e acompanhar o canto litúrgico.
Portanto, a utilização dos instrumentos musicais na liturgia requer discernimento, respeito e sensibilidade para que possam contribuir de forma significativa para a vivência comunitária da liturgia. Espero que estas reflexões sejam úteis para você! Se precisar de mais alguma informação ou tiver outras dúvidas, procure ler as orientações que estão no início do Novo Hinário da Diocese de Chapecó, ou converse com seu pároco. Afine bem seu instrumento e não esqueça de ser um instrumento para levar a comunidade até Deus e não o contrário.
Flavio J. Peretti
Professor de Música e Canto Ritual Litúrgico