O culto a Antonio Carlos Belchior (26 de outubro de 1946 – 30 de abril de 2017) persiste quatro anos após a morte do cantor, compositor e músico cearense.
Além de ter tido os derradeiros passos repisados pelos jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti no recém-lançado livro Viver é melhor que sonhar – Os últimos caminhos de Belchior (Editora Sonora, 2021), obra resultante de dedicado trabalho de reportagem dos autores sobre o exílio do artista no sul do Brasil e no Uruguai a partir de 2008, o compositor tem a obra abordada por duas cantoras de gerações e estilos distintos em álbuns que procuram mostrar a atualidade do cancioneiro do autor de Paralelas (1975).
Ana Cañas e Sandra Pêra aprontaram em estúdio álbuns somente com músicas de Belchior. Coincidentemente, ambas as cantoras apresentam os primeiros singles dos respectivos álbuns na sexta-feira, 21 de maio.
Capa do single 'Coração selvagem', de Ana Cañas — Foto: Ariela Bueno
Cañas faz Coração selvagem (1977) bater novamente em single editado via Guela Records com capa que expõe foto e bordado de Ariela Bueno.
Música que batizou o terceiro álbum de Belchior, disco que marcou a estreia do cantor na gravadora WEA, Coração selvagem ganha registro fonográfico de Cañas sete anos após ter batido no compasso passional de Ana Carolina em interpretação que se tornou o ponto mais alto do roteiro do show #AC (2014).
A gravação de Coração selvagem por Cañas foi feita com produção musical orquestrada pela artista com Faba Jimenez, músico que toca violão e guitarra nesse single que também ostenta os toques do teclado Hammond de Adriano Grineberg e do baixo de Fábio Sá.
Já Sandra Pêra apresenta o álbum em tributo a Belchior – gravado sob direção musical de José Milton e Amora Pêra, com participações de Chicas, Juliana Linhares, Ney Matogrosso e Zeca Baleiro – com single em que apresenta abordagem de A palo seco (1973), uma das primeiras composições do artista, lançada em compacto simples um ano antes do primeiro álbum do cantor.
Na voz de Sandra Pêra, A palo seco ressurge com arranjo e piano de Cristovão Bastos em gravação feita com bandoneón captado em estúdio de Buenos Aires, na Argentina, com a intenção de realçar as conexões da obra do compositor com o universo musical da América Latina.
Previsto para ser lançado em junho pela gravadora Biscoito Fino, com músicas como Na hora do almoço (1971) e Velha roupa colorida (1976), o tributo Sandra Pêra em Belchior é o segundo álbum solo da artista carioca.
O primeiro álbum solo da artista, Sandra Pêra, saiu há 38 anos, em 1983, no rastro da saída da cantora e atriz do grupo carioca As Frenéticas, sexteto feminino com o qual Pêra obteve projeção nacional em 1976.
Capa do single 'A palo seco', de Sandra Pêra — Foto: Jorge Bispo
Fonte: G1